Ou melhor, muitos respondem, mas ninguém entende e todos continuam perguntando. Isto faz parte do universo complexo das relações humanas, pois coisas óbvias para mim terão o peso da novidade para você e vice-versa. Então, desde que Aristóteles decretou que as regras da conduta só podem ser tratadas em linhas gerais e nunca de maneira precisa, temos debatido os mesmos assuntos e chegado à conclusões tão díspares, que continuaremos debatendo enquanto perdurar a nossa imprecisão, provavelmente até o dia do juízo final.
Por que os homens mentem com toda a cara-de-pau?
Não necessariamente os homens mentem mais do que as mulheres, a única diferença é a tosquice das nossas mentiras. Aceitando-se o fato de nascermos com cérebros menos privilegiados emocionalmente, as nossas inverdades tem pernas muito mais curtas do que as das mulheres.
Constatação 1: Ademais, por elas acreditam tão pouco nas nossas verdades, que muitas vezes são histórias difíceis de engolir, acabamos optando pelo conforto de contar-lhes "versões alternativas".
Constatação 2: os homens são unânimes em reclamar do enxerimento excessivo das parceiras, perguntas, perguntas e mais perguntas, que exigem respostas e mais respostas... nem tão diretas e fidedignas quanto elas desejam.
Por que os homens fazem sexo e as mulheres amor?
Se os homens são caracterizados pelo Telencéfalo altamente desenvolvido, vírgula, o das mulheres é mais circunvolucionado ainda, o que as torna aptas a usufruírem o verdadeiro amor, enquanto nos contentamos com o substrato mais termodinâmico da transa.
Constatação: isto não elimina a possibilidade da ocorrência de homens platônicos e mulheres devoradoras. Na mais legítima injustiça produzida pela estereotipização, neste caso eles são chamados de poetas e elas de putas, quando na normalidade do comportamento contrário, os machos recebem a alcunha de galinhas e elas se saem, sem maiores ganhos sociais, como damas na cama.
Por que os homens só pensam “naquilo”?
Caso a pergunta acima não tenha sido suficientemente esclarecida, sempre há a clássica questão sobre a fixação masculina naquilo, ou seja, a liturgia empregada por eles para ir direto ao ponto. Certamente é um problema testeronal, pois enquanto a maioria das fêmeas da natureza fica discretamente cismando à espera dos machos, eles se emperiquitam, se empertigam e brigam, às vezes até à morte, pela fêmea desejada, que não passa de um receptáculo de esperma criado para eles canalizarem o afã reprodutivo da espécie.
Assim, ainda sob as fortes influências dos nossos ancestrais da escala zoológica, continuamos a sublevar a razão em função do pênis e, aqueles de nós que só pensam com a cabeça pequena, certamente se tornam grandes candidatos a terríveis dores de cabeça (na grande).
Constatação: homens olham diretamente e sem rodeios “aquilo” porque nunca desenvolvem as mil artimanhas que acompanham as mulheres desde o berço. Observe a foto, enquanto os carinhas babam de queixo caído a céu aberto, as freirinhas desviam o olhar sutilmente para o fulcro da coisa. Isto é dom, isto não se conquista!
Por que as mulheres se tornam frígidas e os homens impotentes?
Aparentemente é bacana nascer homem, um ser devotado aos prazeres de fácil satisfação, no entanto, nascemos com um grande carma. Enquanto vários mamíferos da natureza foram dotados com estrutura óssea de sustentação do pênis, temos a nossa ereção dependente dos corpos cavernosos, vexatoriamente flácidos em estado de repouso, cujo entumescimento pleno é sujeito a chuvas e trovoadas.
A fisiologia frágil do nosso membro nos mete numa pua fenomenal, paralelamente ao fato de determos o papel de protagonistas nas relações sexuais, a nossa potência pode ser tão volátil como pluma ao vento. Diferentemente, as mulheres se preocupam apenas em manter a libido em dia e a capacidade de sentir prazer no seu papel confortavelmente secundário.
Constatação: como a potência é sinônimo de grande vitalidade, se você mulher quiser constituir uma prole sadia e resistente aos parasitas, fixe-se neste detalhe, mais do que nos quesitos sociais e culturais (mas esteja em guarda contra um belo par de guampas).
Por que os homens não cuidam da saúde?
A resposta mais simples para esta pergunta é que, enquanto elas correm o risco máximo de se tornarem frígidas, temos o fantasma da impotência permanentemente badalando sobre as nossas cabeças. Então, a fim de justificar a nossa crônica falta de zelo com a prevenção, temos que lançar mão de duas motivações contraditórias: o complexo de super-homem – que nos induz a pensar que seremos saudáveis até o final dos tempos e medo, muito medo.
Sim senhoras, um medo pavoroso de tudo relacionado a médicos, principalmente aqueles que enfiam o dedo quirodáctilo no nosso rabo. Por isto, os homens chegam nos urologistas a pau e corda, devidamente escoltados por suas mui indignadas esposas, antes que maus maiores do que a impotência se alevantem, a exemplo do câncer de próstata, ridiculamente fácil de ser tratado na origem e tenebrosamente mortal nos estágios mais avançados.
Constatação: leve o seu macho, mesmo que a ferros, ao toque retal do quirodáctilo antes que seja tarde demais.
Por que os homens são os reis dos vícios?
Além de vivermos em débito com a medicina preventiva, tomamos bebidas alcoólicas em excesso (sem falar nas drogas), fumamos, comemos quantidades absurdas de carne, nos entregamos aos prazeres das festas e da poligamia e cultivamos a famosa barriguinha, encarada eufemisticamente como “calo sexual”, que nada mais é do que a realização protuberantemente lipídica do sedentarismo crônico.
Então, novamente temos que nos socorrer do complexo de Super-Homem para explicar o nosso impulso aos maus hábitos: pensamos que os problemas só acontecem com otários.
Constatação: a questão posta é muito mais complexa do que à primeira vista, que pode ser resolvida com este pequeno dilema: ou se vive para o prazer, ou se adquire o prazer de viver.
No momento em que alguém escolhe a vida dissoluta, adquire obrigatoriamente o pacote futuro da atrocidade ao longo de uma década ou mais, sob os padecimentos das doenças degenerativas.
Parece piada, mas se você cultiva hábitos monásticos, paradoxalmente, só sentirá os reais benefícios dos seus resguardos e freios morais ao final da sua vida, o que suscita a última pergunta para VOCÊ se encafifar:
Por que viver uma vida de privações, se todos morrerão de qualquer maneira?
Fonte: Aqui.
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